Bruce Lorde Comandante - Filhos do Real Norte

Após o ataque dos Selvagens, o Lorde comandante recuou junto a seus homens, um ferido e outro morto, Den, seu primeiro patrulheiro, enquanto ele estava acima de seu cavalo voltando para as Muralhas, seu rosto permanecia imóvel, ele nem sequer piscava em quanto a neve caia em seus olhos, seu rosto, e o vento sobrava seus longos cabelos para trás, os portões se abriram, ele desceu do seu cavalo, e começou a andar até Arthur que estava ali o esperando

- Senhor? - Ele disse já engolindo seco- O irmão Den... Seu Funeral foi na noite passada, não sabíamos que o senhor iria retornar tão...

Bruce ergueu a mão e Arthur parou de falar, ele voltou a andar enquanto dizia

- Alguma notícia dos Corvos errantes, eles estava próximos a Última Lareira , não?

- Sim, Mi'Lorde, eles mandaram um corvo dizendo que estão voltando com novos recrutas para as Muralhas como reforço...

O Lorde Comandante deu um soco forte em um pilar de madeira, e fechou os olhos com força

- Sempre fui melhor com a espada do que liderando qualquer coisa... A morte do Den é minha culpa, da minha arrogância.

Arthur colocou a mão sobre o ombro de Bruce e puxou a mão que sangrava encostada no pilar, não era um ferimento feio, mas o pouco sangue que saia parecia ter mais valor do que a ferida aberta de um soldado em uma guerra, Arthur pegou um pouco de pano que ele guardava e enrolou na mão do Lorde Comandante.

- Senhor, Den assim como todos nós, somos uma família e morreremos um pelo outro sem pensar duas vezes.

Bruce olhou para o breve curativo que Arthur fez em sua mão

- Lorde Comandante! - Jonathan Snow, chegou correndo segurando em sua espada aflito - Tem um selvagem nos portões, senhor, ele diz querer negociar...

Bruce estava se culpando pela morte de Den, mais precisamente por não ter negociado com os selvagens antes de haver derramamento de sangue, neste momento ele não estava pensando como antes, então ele apenas abaixou sua mão machucada, encheu seu peito de ar e disse em alto e bom tom para o Snow:

- Leve-me até ele.

Jonathas o levou até os portões que se abriam devagar, cada estalar de madeira, cada ranger das engrenagens era uma gota de suor frio que descia pelo rosto do bastardo do norte, ele temia uma chacina de sangue a sua frente, ou pior, sua própria morte.

Os Portões se abriram, ali no caminho já desgastado de neve, parado havia um homem, junto a ele, uma criança de cabelos negros, e carregava consigo algo em seu colo, que parecia para Bruce, um bebê.

- Você é o Lorde Comandante dos corvos? - Gritou o Homem puxando a criança pelo braço.

Bruce se aproximou do Selvagem junto a Jonathan e olhou para ele

- Quem é você, e o que quer?

- Sou Thorme! - Dizia ele com um sorriso- Estas crianças são filhas da líder da tribo que está aqui em suas terras. Eu não estou pedindo muito. Eu quero voltar para acima das Muralhas! Em troca... Você pode ficar com essas crianças.

Bruce olhou para o bebe que estava quase roxo de frio, e a criança que parecia estar ali apenas por causa de seu irmão, já que o pequeno garoto não parava de olhar para o bebe.

- De acordo.

Jonathan fez uma expressão de surpresa, olhou para Bruce e depois para o selvagem

- Jonathan... Faça com que o Selvagem volte para as terras a cima das Muralhas.

Thorme abria um sorriso de satisfação em quanto entregava o bebe no colo do Lorde Comandante, Bruce parecia saber bem como segurar um bebê, afinal ele já havia feito isso quando era mais novo, com seus irmãos.

Bruce olhou para a criança dizendo

- Este é seu irmão?

- Sim. - Respondeu o garoto seco, e com uma expressão de nojo ao olhar para o Lorde Comandante

- Sei que fará de tudo para protegê-lo, estou certo?

- Sim. - Respondeu novamente ainda seco, e dessa vez desviando o olhar com raiva

- Então venha comigo, antes que ele morra de frio aqui fora.

Bruce se virou começando a andar de volta para dentro das Muralhas.

- Qual seu nome, garoto? - Perguntava Bruce enquanto cobria o bebe do frio

- Kolly. - Ele continuava a responder em tom seco

Bruce chegou até seus aposentos, e o garoto Kolly foi com ele, ele se sentava em sua cama, colocando o bebe nela, e cobrindo com mais uma coberta

- Logo ele ficará melhor.

Kolly batia o pé no chão enquanto gritava

- O que pretende fazer conosco, vai nos decolar?! Nos Torturar?! Não fizemos nada, deixe meu irmão em paz!

Bruce olhou para o garoto que ficou em silêncio depois de gritar suas palavras de ódio, o silêncio manteve aquela sala quase como morta, o barulho do estalar das chamas da lareira do Lorde comandante preencheram as lacunas de vazio que prevaleciam sob o local, Bruce abriu a boca para responder quando várias batidas na porta ocorreram

- Um momento.

O Lorde Comandante se levantou e Kolly correu para perto de seu irmão, Bruce foi até a porta e deixou o cavaleiro entrar, era Benjamin.

- Lorde Comandante... - Benjamin parou de falar ao ver as crianças - Pode falar, senhor?

Bruce olhou para as crianças e abria a portar saindo por ela enquanto Benjamin o acompanhava, ele fechou a porta para que o vento do lado de fora não entrasse, e se encostou próximo a porta

- O que foi Benjamin?

- Senhor acabamos de chegar... Vimos um grupo de selvagens nas proximidades, eles estavam sendo lideradas por uma mulher loira, também uma selvagem...

Bruce abaixou a cabeça, milhares de possibilidades de batalha em sua mente, mas também agora de paz, ainda abalado com a morte de Den, Bruce olhou para o céus e um pequeno raio de luz do sol tocou em seu rosto, era mágico, uma oportunidade para consertar as coisas, ou apenas pra estragar tudo de vez? Só há uma forma de saber, é arriscar.

Bruce conversando com a criança:

Expressão de Benjamin ao ver as crianças:

Fazia alguns dias desde que marchou para Castelo Black. Seus poucos selvagens restantes estavam cansados, suas vestes de pelagens cobertas por neve e capuz os protegia dos ventos gélidos do extremo Norte. Moira não parecia cansada, não usara o capuz a viagem inteira. Sua raiva, sua determinação por justiça a sua tribo, fervia seu sangue dos pés a cabeça.

- Moira, os corvo, estão prontos para nos esmagar, é suicídio.- Um dos selvagens crava sua lança no chão coberto de neve até seus joelhos. A loira deu-le um olhar sobre os ombros.

- Os corvos assassinaram nossa tribo, assassinaram seu chefe, massacraram e estupraram nossas mulheres e filhas, você, Arcor, perdeu sua mulher no massacre, não esta com raiva ? - Moira o encarou por um tempo. Os outros selvagens também haviam perdido seus familiares, filhos, mulheres, suas famílias.

- Estou com raiva, Moira, estou com muita raiva. 

- Então Arcor, me prometa que irá ate o fim.- Moira batia em seu peito com a mão direita, Arcor, o selvagem de um olho cego e barba desforme acinzentada, fez o mesmo. Neve caia dos galhos das copas das arvores, uma queda muda sobre acúmulos de gelo. O grupo não continha mais de 8 membros, contando com sua líder.

- Estou com você, Moira.- Outro de seus homens, mais jovem, de cabelos ruivos e sem barba, olhos verdes como musgo, também batia em seu próprio peito, em seguida, os outros faziam o mesmo.

- Vamos ser uma dor de cabeça para esses filhos da puta!- Moira gritava, seus homens estavam incentivados por sua liderança. Seguiram marcha para Castelo Black. Não estava longe, a enorme muralha de gelo já estava sendo avistada a alguns dias. E logo, o castelo, também.

  Os 8 selvagens com arcos e machados em mãos, paravam longe do alcance de flechas dos corvos. Qualquer comitiva que se aproximasse seria abatida, qualquer animal próximo também seria morto. Moira esperava que Bruce voltasse para uma segunda negociação.

- Covarde!- Gritou Moira. 

- Estupradores!- Outro Selvagem. 

- Assassinos!- Outro.

- Nos de os homens Lorde Comandante! Queremos justiça por nossa tribo!- Moira dava um passo a frente, observando o Castelo Black de longe. 

Bruce ouviu Arthur gritar de baixo da varanda de seus aposentos

-Estão aqui Mi'Lorde!, Estão nos portões!

Bruce acenou com a cabeça, olhou para Benjamin

- Prepare os homens para o pior...

O Lorde Comandante abria a porta ainda segurando a maçaneta gritava

- ARTHUR!

Arthur rapidamente subia as escadas se prontificando

- Sim, Mi'Lorde?

Bruce olhava para as crianças

- Cuide do Bebe...

Bruce se aproximou das crianças e Kolly o olhou de lado

- Sua mãe está aqui Kolly, eu não quero machucar vocês. Quero que voltem de onde vieram, e nada mais... Deixe seu irmãozinho aqui com o Arthur, tem minha palavra que ele ficará bem...

Kolly com uma expressão de nojo cuspiu no chão

- A Palavra de um corvo...

- A Palavra de um Homem. De um Guerreiro.

O Garoto foi interrompido e hesitou por um instante, olhou para o bebe, para o Lorde Comandante, para o Arthur, e entregou o bebe para Arthur, logo ele começou a andar ao lado de Bruce, eles desceram as escadas de madeira, cada passo mais pesado que o outro, os guerreiros estavam se armando, mas apenas Bruce se dirigiu até os portões que começavam a se abrir

- Cuidado, eles podem estar preparando um ataque, fique atrás de mim... - Dizia Bruce para o garoto, o que para ele não fazia sentido, se eles não o vissem atacariam ele na mesma hora, quando o portão se abriu o garoto passou a frente do Bruce e Bruce depois o segurou com medo que flechas chegassem do céu o cobriu com seu próprio corpo, mas nada aconteceu.

Os Selvagens avistaram o garoto? Difícil dizer, mas Bruce se ergueu e olhou para a Loira que liderava os Selvagens

- Basta! Chega de derramamento de sangue! Eis aqui minha oferta, vamos conversar e entrar em um acordo, desarmados e sem reforços, tem minha palavra. Como um gesto de boa fé... Bruce olhava para o garoto - Eis aqui seu filho, e o seu bebe está conosco, seguro e bem! Vamos conversar e acabar com essa chacina sem sentido de uma vez!

Bruce erguia a mão deixando o garoto começar a andar em direção a sua mãe

- O que me diz? - Bruce abriu os braços depois dizendo em um tom em que ninguém entendia:- Não posso fazer melhor que isso...

Lorde Das Muralhas:

Bruce se mostrou corajoso, ou, um tolo. Os corvos estavam armados, qualquer passo a frente e uma flecha atravessaria o coração de cada um dos selvagens ali. Logo o Lorde Comandante seguiu para fora dos portões, aí lado de Kolly, seu filho desaparecido a semanas. 

— Kolly?- Moira sentiu seu chão cair, seus filhos estavam com os corvos. - Kolly! 


O garoto estava bem, sem ferimentos, e parecia ter comido bem enquanto esteve essas semanas fora. Mas Antony ainda estava em Castelo Black. 

— Moira, isso pode ser um blefe.- Advertiu um dos selvagens. 

— Não teria como ele saber do meu bebê. 

— O garoto deve ter contado. 

— Não! Não vamos atacar ele.- Moira lançou um olhar bravo para os seus homens.— Liberte meu filho, covarde!

Bruce manteve-se firme e apenas aguardou enquanto via a mulher receber seu filho

- Já disse, minha oferta é para conversarmos para um acordo mutuo. Em troca terá seu filho de volta, sem mais derramamento de sangue, já lhe disse, tem minha palavra.

Bruce sabia que podia contar com Kolly em relação a isso pois ele já notou que era um homem de honra e de palavra que falava ali.

Então o Lorde Comandante apenas junto as mãos em frente a seu corpo e observou o garoto falar com sua mãe.

- O corvo não nos machucou.- Dizia Kolly, o garoto.-  Eles aqueceram Antony. 

— Não se pode confiar em Corvos!- Gritou um dos selvagens. Moira apenas virou-se e deu-lhe um soco em seu rosto.

— Cale a boca.- O selvagem estava com as narinas sangrando. Os outros faziam uma troca de olhares. 

— Como você é tola Moira, vai confiar nos Corvos, a um tempo atrás você disse que custaria o que custar, agora por causa de seu bebê, você volta atrás, em uma chance de se dar bem, e nossas famílias ? E a vingança?- Arcor gritou para a mulher, Moira colocava Kolly atrás de seu corpo enquanto Arcor ficava frente a frente a líder.- Você não merece ser nossa lí...

  Antes que pudesse terminar, Moira o cabeceia fortemente. O selvagem caia para trás. Não demorou muito para Moira pegar na mão de seu menino e começar a correr. 

— Kolly, corra! Corra!- Enquanto a mulher corria em direção ao Castelo Black, os selvagens levantam artilharia. Flechas com pontas recém forjadas voavam o céu em direção a mulher e seu filho. Nenhuma delas atingia Moira, muitas caiam no solo gramado um pouco congelado logo atrás e outras a sua frente. - Vamos garoto, vamos! 

— Mãe.- Kolly para de correr com duas flechas atravessando seu peito.- Mãe... 

   As palavras emperram em sua garganta. O garoto perdia as forças e caia, Moira o segurava em seus braços e o apertou forte contra seu colo. Um grito em choro ecoava pelas colinas do Norte. O vento congelante já não importava mais, sua respiração congelava em nuvens de vapor. Suas lágrimas, o mesmo, não atingiam até a metade de suas bochechas vermelhas. 

- Meu menino!  Meu menino!- Gritou Moira. Os selvagens se dispersaram e correram de volta para longe do alcance dos Corvos.

Bruce via aquela cena, e mal se mexia, mas quando a mulher e acriança começaram a correr em sua direção ele corre em direção a eles para ajudá-los, mas quando chega é tarde demais, o garoto cuspiu sangue caiu ajoelhado e depois seu corpo caia ao chão, antes de seu corpo cair na neve fria que cobria o chão, a mulher selvagem segurou a criança em seus braços, ficaram cheios de sangue, as duas flechas atravessaram o peito do garoto, aconteceu o que Bruce não queria, mais derramamento de sangue.

O Lorde Comandante segurou a mulher nos braços que ainda segurava a criança

- Temos que voltar, se eles atacarem novamente nessa posição você morrerá, e seu bebe precisa de você...

Bruce erguia ela em seus braços atravessando com a loira os grandes portões de madeira da Muralha, a mulher não havia soltado o corpo da criança, e o sangue continuava a pingar deixando um rastro escarlate por onde o Lorde Comandante passava.

Ao passar pelos portões os guerreiros já prontificados o olhavam sem entender

- Senhor?

- Quais são as ordens?

- Mi'Lorde?

Vozes conhecidas, vozes confusas, mas Bruce ignorou cada uma delas, ele continuou caminhando enquanto o sangue continuava a cair, Bruce subiu as escadas de madeira velha até seus aposentos.

- Senhora... Precisa soltá-lo agora, vamos preparar um funeral para ele.

Bruce colocava no chão com as costas na parede, ele via a mulher loira ali sentada, e percebeu, no final somos todos selvagens, ou todos patrulheiros? Na verdade, no final, somos todos humanos.

- Você não e disse seu nome...

Bruce se abaixava olhando para a Selvagem em prantos

- Vai ficar segura, você e seu bebe, tem minha palavra.

O Lorde Comandante olhava a mulher com pesar e convicção no olhar

Bruce Convicto:

Uma voz lhe chamava. Mãe.  Moira olhou para o céu acinzentado e em seguida para seu filho, ainda de olhos abertos, olhos azuis.  O patrulheiro a acolheu em direção ao Castelo Black.  Um dos patrulheiros queria retirar sua criança de seus braços. 

— Não encoste nele!- Gritou Moira.- Não chega perto meu filho! 

  Moira logo dava um rapa de leve em Bruce saindo de seu acolhimento. A loira só o seguiu pelo seu bebê, não sabia se era verdade, mas seguiu mesmo assim. A dor que sentia naquele momento, não a faziam pensar direito. Com seu filho em seus braços, subiu alguns degraus deformes até onde se encontrava seu bebê. 
  Moira não o olhou por um segundo, apenas ficou de costas na parede e caiu sentada com as mãos nos olhos enquanto sua criança jazia sobre suas pernas.

Bruce abria a porta de seus aposentos e olhava para a loira

- Seu bebe está ali, seguro e aquecido...

Arthur aparecia ali segurando o bebe de moira

- O que houve Mi'Lorde?

Bruce olhava para Arthur e dizia com pesar

- Mais derramamento de sangue Arthur... Prepare um funeral, a criança... O Lorde Comandante olhava para o corpo da criança em seus pés

Arthur acenava com a cabeça, o intendente colocou a criança na cama cercado de lençóis, peles e cobertar para aquecer e evitar que o bebe caísse da cama

Arthur se aproximava do corpo de Kolly, mas a loira o impedia

- Por favor, deixo-o preparar o Funeral... Disse Bruce, segurando a mão de moira a fazendo deixar o Arthur levar o corpo da criança.

Bruce ajudou a mulher a levantar e a colocou em seus aposentos, fechando a porta cortando o ar gelado que entrava no quarto

O Lorde Comandante ia até sua escrivaninha e pegava um pouco de água de uma jarra derramando em um pequeno pote de metal, Bruce ia até um armário de madeira, pegava um pano e rasgava o tecido, molhava o pano e levava até a loira

- Acho que não deveria sujar seu bebe de sangue... Sei que quer segurá-lo, então... Bruce mostrava o pano úmido para que a Loira a sua frente se limpasse.

O sangue já havia coagulado em suas vestes, o frio se certificou disso.  Ao se levantar, ouvia grunhidos de seu bebê adormecido.  Moira estava com seus olhos inchados e chorosos.  Não conseguiu abrir um sorriso ao ver seu bebê, apenas deu de costas e socou a parede com força, sua mão direita esmagou pele com rocha, deixando-a ferida. 

— Eu devia ter ouvido o senhor da Águia e da Lua. Quando eu ainda tinha meu marido e meus filhos.- A mulher andou até uma das janelas embaçadas pelo vento.  Em um tom de luz acinzentado, seu rosto parecia mais branco que o normal. Seus lábios estavam rachados e suas bochechas quase roxas.— Agora meu marido e meu filho estão mortos, não consigo segurar meu próprio bebê e minha filha está no Sul, uma terra desconhecida por nós. 

   As lágrimas voltaram ao seu encontro.  As limpou com as costas da mão direita. Lágrimas e sangue se uniram sobre a mão. Ao olhar para fora, alguns corvos passavam de um lado para o outro, mas, um deles, usava roupas de peles esfarrapadas, um selvagem, Thorme.

— Thorme? - A mulher parou para refletir um pouco. -  Como vocês conseguiram encontrar meus filhos? 

 A loira com um olhar diferente, de expressão séria, lançou sobre Bruce.  A mesma, segurou o cabo de sua adaga, encontrada em sua cintura presa por uma bainha de couro esfarrapado.

Bruce dava um passo para trás levantando as mãos

- Um dos seus os entregou em troca de passar de volta ao norte da Muralha.

Bruce colocava a mão no rosto e descia até sua barba, demonstrando sua impaciência

- Chega de sangue!

Bruce dizia em um tom claro e olhava para o bebe que por sorte continuava dormindo, Bruce suspirou e olhou para a loira

- Qual seu nome? Você não me disse até agora.

Não dava ouvidos ao Corvo.  Em um ato de fúria, Moira saiu do estabelecimento, um vento frio adentrava os aposentos. Louca de ódio, Moira andou em direção a Thorme, o homem se encontrava escorado em um pilar de madeira.  Seus passos apressados afundavam centímetros na neve, mas, não importava, o homem que causou a morte de seu filho estava bem ali.  

— Moira ?- O homem percebeu sua chegada, com um movimento rápido de corte, Moira puxou sua adaga e dilacerou a garganta de Thorme.  Os Patrulheiros paravam o que estavam fazendo e puxavam suas espadas contra Moira. 
     O homem de garganta rasgada apertava o próprio pescoço, em um desespero inútil de tentar respirar. Seu corpo ainda em agonia caia sobre o solo frio, jatos de sangue escarlate mancham a neve logo atrás de Moira. Ao notar inúmeras lâminas apontadas para si, a loira levantou os braços e soltou a adaga, que caia em um impacto mudo.

O Lorde Comandante chegava logo atrás vendo aquela cena, ele balançava a cabeça negativamente, os homens iam até a selvagem amarrando as mãos e as pernas da mesma.

Naquela noite a prisioneira foi levada até os aposentos do Lorde Comandante novamente, lá estava Arthur com o bebe, o Lorde Comandante sentado em sua cadeira de madeira, com a lareira acesa logo atrás dele, colocavam-na em uma cadeira logo a fronte do Lorde Comandante, o homem permanecia sério e encarava a mulher.

- O que você quer que eu faça com você? Com suas atitudes não vejo escolha a não ser matá-la.-Bruce se levantava e ficava de costas para Moira olhando para as chamas da lareira- Mas com isso... Estaria condenando não só você, mas a criança também.

O Lorde Comandante se virava novamente se aproximando da loira selvagem

- Você deve voltar ao norte da Muralha, com uma escolta sei que ficara bem com o bebe.

Arthur estava ninando o bebe enquanto olhava a conversa

 A loira sorria de cabeça baixa, enquanto o corvo falava. Ainda lhe doía o coração em pensar no seu pequeno Kolly, que foi tirado de sua vida.  Mas ainda tinha dois filhos, e uma estava em perigo, mesmo que não soubesse. 

— Pode me matar, pode me aprisionar, mas eu não vou para o Norte da Muralha, eu vou para o Sul, preciso encontrar minha filha Lily.- Ao levantar a cabeça, seus olhos estavam inchados e chorosos.- O senhor da Lua me concedeu abrigo no...Ninho. 

  Moira não sabia bem o que significava esse Ninho, mas sua filha estava lá. Sem muita paciência, Moira batia com os pés no chão. 


— Um de seus corvos pode me acompanhar até o Ninho? Pelos Deuses!

Bruce notou a dor no coração da mulher, e se o próprio Lorde acolheu ela, mesmo ela sendo uma selvagem, ele pensou que essa poderia ser a brecha para deixa-la ficar.

- De acordo. Benjamin estará saindo rumo ao Sul amanhã, acompanhe ele em seu percurso e ele ira parar no Ninho e lhe deixará lá em segurança.

O Lorde Comandante cortava as amarras que seguravam as mãos e as pernas da selvagem

- Que os deuses antigos e os novos a acompanhem.

Bruce se virava de costas  por um instante depois ficava de lado olhando para o bebe e para a mulher, enquanto Arthur lhe entregava o bebe

- Fique em meus aposentos essa noite. -O Lorde Comandante dizia olhando para o fogo imaginando que aquele era o local mais apropriado para um bebe ficar devido a temperatura, ele terminava olhando para Arthur- Diga aos Patrulheiros que ficarei de vigia esta noite a cima das muralhas.

Bruce ia em direção a porta para sair do local.

Lorde Comandante: