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 Devaneios de fantasmas

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Urisk Greyjoy

Urisk Greyjoy


Mensagens : 17
Data de inscrição : 23/11/2020

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MensagemAssunto: Devaneios de fantasmas   Devaneios de fantasmas EmptySeg Jan 04, 2021 9:04 pm

Urisk I


Urisk lia com calma e despretensiosamente, amortecendo as vozes que sussurravam em seu ouvido, seu quarto na instalação era pequeno, mas muito agradável e elegante, as paredes pintadas de um amarelo alaranjado que brilhavam a luz do fogo do candelabro que o iluminava, uma grande cama de penas, uma poltrona preta e uma bancada presa à parede embaixo de uma grande janela de vitrais azuis. Não faziam muitos dias de sua chegada a Lys, seu presente havia sido bem aceito pelos magistrados e estes o concederam uma audiência, um quarto em uma das principais instalações da cidade e algumas das melhores cortesãs que podiam oferecer, Urisk humildemente aceito as ofertas dos magistrados, mas não se satisfez com nenhuma delas, o quarto embora confortável lhe parecia mais uma prisão onde seu tempo era constantemente drenado, as belas mulheres não conseguiam dar fim a desejo frio e aos ímpetos de seu coração e nem abafar os sussurros e as visões.

O livro era interessante, uma obra de um meistre sobre as antigas tradições e cultura das Ilhas de Ferro que haviam sido abolidas ou ignoradas pelos Hoare durante sua dinastia. Pelo que pode perceber o livro havia sido escrito no período do reinado de Othgar Hoare, o amante do demônio; naquela época Vilavelha era domínio das Ilhas de Ferro e muitos dos textos da história das Ilhas foram escritos ou compilados. Enquanto lia ele aproveitava para pensar em seus próximos movimentos, conhecia boa parte dos magistrados de Lys de antigas reuniões e audiências acompanhando Eric, os mais próximos ao seu irmão seriam fáceis de convencer, outros menos poderosos apenas nadariam seguindo a onda e podiam ser ignorados, os mais gananciosos já estavam se virando para ele por causa dos escravos que ele os dera como presente, o difícil seria convencer os mais tradicionais e burocráticos dos magistrados sempre tão cautelosos e desconfiados, principalmente Lucere Qhalsiha. O velho não gostava nem dele, nem de Eric, e sua influência podia levar consigo o apoio dos mais fracos, talvez ele devesse mata-lo...

Urisk fechou o livro, os olhos estavam cansados e o esquerdo pulsava um pouco, e o jogou na cama. A reunião com os magistrados seria no dia seguinte e ele tinha que se livrar do peso de suas decisões antes dela, não queria deixar seu raciocínio ser prejudicado pelo arrependimento de ter deixado Askeladd para trás nem pela aflição que isso lhe trazia. Pensou no que poderia fazer: Mesmo tarde da noite ainda haveria cortesãs disponíveis, mas elas estavam sendo inúteis, a leitura era eficiente e talvez ele só precisasse de alguns minutos para descansar a visão; ele pensou em sair para andar pela cidade enquanto descansava a visão, a maioria dos estabelecimentos já estava fechado, porém ele sabia quais eram aqueles lugares que preferiam abrir suas portas discretamente e enquanto os outros dormiam, seria perigoso, mas ele tinha Robin e a faca entre suas vestes para protegê-lo. Tocou o metal frio da lâmina da arma e seu estado reflexivo abrandou-se e sua mente ficou limpa “Devia chamar uma cortesã para vir comigo.”

— Urisk, temos uma visita. — Robin abriu a porta e entrou, estava vestida em sedas roxas que destacavam o loiro de seus cabelos. A espada pendia presa na cintura.

Entre o quarto e os corredores da instalação havia uma antecâmara espaçosa e praticamente vazia que normalmente era usado para reuniões, mas o Greyjoy pediu que Robin se instalasse lá como guardiã, a pousada tinha guardas próprios, mas ele não confiava neles como confiava em Robin. A espadachim estava bastante seria desde o ataque a Ghaston Grey, mas agora ela sorria quando entrou no quarto e deixou que outra mulher também entrasse.

Era uma linda mulher ainda jovem, longos cabelos platinados caiam até sua cintura soltos, trajava um vestido longo preto com linhas douradas e um colar de prata, os olhos o fitavam como uma águia avaliando sua presa, eram de um azul claro como o gelo e carregavam uma confiança inabalável.

— Daena. — Urisk disse, sorrindo também.

Daena era a antiga esposa de sal e segunda em comando de Eric, uma mulher sagaz e uma negociante agressiva, amante de fazer grandes apostas e sem escrúpulos na hora de torna-los reais. Urisk lembrava das lições e dos trabalhos que ela lhe solicitava: roubar um importante documento de um volantino que ao ser revelado a público derrubaria uma companhia rival a de uma que Eric estava negociando, seguir na escuridão das vielas um homem para descobrir quais alianças estavam sendo formadas pelos Pentoshis, entregar a dádiva da morte para os soldados de uma torre de vigia. Eric e Samwell o haviam ensinado a ser um capitão, Daena e a casa do preto e do branco o haviam ensinado a ser um assassino.

A bela mulher tinha abandonado a tripulação após a morte de Eric e voltado a sua cidade natal, um ato de luto muitos disseram, outros falavam de tédio ou medo, mas Urisk sabia a verdade, Daena sempre soube que ele voltaria para lá alguma hora e estava se preparando para isso dentro de seu próprio jogo, o Greyjoy não acreditava que ela ficaria contra si, mas também sabia que ela não o seguiria como os outros, ambos jogariam seus jogos e cresceriam como aliados em igual nível.

— Boa noite Urisk. Eu pensei que você me faria uma visita, quando vi que não resolvi eu mesmo então vir te ensinar alguns modos, criança. Robin, por favor, poderia nos deixar a sós?

Urisk estranhou o pedido, mas acenou positivamente para Robin que deixou o quarto, deixando o Greyjoy e a Lyseni sozinhos. Ela sentou-se na poltrona com elegância e foi passando o olhar pelo quarto até parar no livro jogado na cabeceira.

— Escolha interessante, até me faz acreditar que está começando a se afeiçoar pelas Ilhas de Ferro. — Daena disse animada. — Vamos, me diga o que pretende fazer? Eu mereço já que você simplesmente me esqueceu.

— Você já sabe o que vim fazer aqui, Daena.

— Sei? Não estava nas ideias de Eric trazer uma horda de escravos consigo, nem buscar algo em Myr, seja lá o que você quer com eles, ou atacar Dorne. Você já está se movendo por si próprio e está deixando muitos surpresos com isso, sabia?

Urisk suspirou, não estava surpreso com o quão bem informada Daena estava, mas era a primeira vez que ele estava olhando seus atos como um plano próprio e não uma continuação daquilo que Eric estava fazendo. Ele levou a mão mais uma vez a lâmina entre suas roupas, o que não passou despercebido a Daena, e disse:

— Então está tudo correndo bem, não? Foi você quem me ensinou que o melhor jeito de vencer é não deixando ninguém saber do que você está atrás de verdade.

— É verdade, bem já que você não vai me falar de seus planos pelo menos me conte sobre o ataque a Dorne, não chegaram muitas informações aqui.

— Foi um ataque bastante desmotivado para dizer a verdade, só o fiz para que meus aliados, e inimigos, em Westeros não desconfiassem do sumiço da Frota de Ferro e da minha captura de Ghaston Grey. Eu não estive presente em nenhuma das batalhas com exceção da que tomou Ghaston Grey, deixei os combates em si nas mãos de Aeron Drumm e Askeladd. Meu plano era que Askeladd ficasse guardando Ghaston Grey ao final do conflito, usando os prisioneiros de lá como reféns e ferramenta de negociação, eu fiz acordos com alguns dos reféns prometendo liberar eles se me contassem detalhes uteis da política dornesa que eu também pudesse usar na negociação... — Daena lhe deu um olhar indagador que ele prontamente entendeu — Sim, eu cumpri o acordo. Eles vieram junto com os treze navios que eu trouxe comigo, devem estar agora dormindo em alguma estalagem qualquer da cidade. De qualquer forma, o plano correu bem por enquanto, tenho meus reféns e os segredos de Dorne, mas Askeladd foi capturado e deixou uma fenda perigosa no meu planejamento.

— Então é por isso que você está tão pensativo? Incomodado com a perda de Askeladd, não me surpreende seu estado recluso então.

— É claro que é por isso, mandei uma carta com termos de paz para Lançassolar, mas não tive tempo de ler a resposta ainda. Se tudo der certo eu vou libera-lo em uma troca de reféns... Mas eu estou preso aqui e enquanto isso não posso nem saber qual será a resposta de Dorne. — Urisk sem perceber estava segurando a faca afiada em sua mão.

— Troca de reféns? — Daena estava subitamente seria e o fitava como se quisesse ler sua mente. — Porque você está com sua faca, Urisk?

O Greyjoy finalmente percebeu a presença da lâmina em suas mãos, ele a rodou entre os dedos e respondeu.

— Eu sempre ando com ela... E eu ia sair para esfriar a cabeça, levar uma cortesã comigo...

— Uma cortesã com você? Por quê? Pelo que fiquei sabendo várias já vieram para cá e você as estava dispensando.

— Elas não estavam sendo do meu agrado, mas não significa que eu não goste delas.

— Oh, e o que planejava fazer com ela? Onde iam ir?

— Fazer?... Eu não sei...

Daena se levantou e lentamente se aproximou do Greyjoy, botou a mão em seu ombro e olhou diretamente em seus olhos.

— Me diga Urisk, quantos você matou em Ghaston Grey?

— Uns trinta homens. — Ele respondeu, confuso.

— Ah, garoto, não é a preocupação com Askeladd que o está afligindo. — Daena abriu um pequeno sorriso sem deixar de fita-lo profundamente — Você deixou parte de você dormindo por tempo demais e depois a despertou com tanta força de uma única vez... Ela está desejando por mais. Eu posso ajuda-lo com isso, tenho meu próprio bordel e ninguém vai estranhar o sumiço de uma de minhas garotas... Mas depois disso volte a dormir e se controle, Urisk.

No dia seguinte ele estava bem, Robin o seguia como uma sombra pálida e observadora, ele entrou pelo grande portão de metal para a antecâmara onde os magistrados se reunião e concediam suas audiências. Uma grande sala redonda com as cadeiras dos magistrados dispostas em semicírculo em frente à porta, eram quarenta e oito cadeiras ao todo, os menos importantes ficando nas laterais e os mais importantes dos magistrados nos centros. Urisk e Robin se ajoelharam para os magistrados.

— Bom dia, senhores. Acredito que já tenham lido sobre meu pedido e minha proposta, espero que estejam inclinados a aceitar, de qualquer forma repetirei quais são minhas ideias e propostas. Existe nesse momento, em Westeros, um grande plano econômico em surgimento por parte de minha família, os Greyjoy, como vocês devem saber a origem desse plano vem das ótimas relações que meu irmão Eric tinha com várias das cidades livres, principalmente aqui com Lys, e da recente aliança entre a casa Redwyne e a casa Greyjoy. Eu acredito que seja da vontade de Lys participarem de forma ativa da criação dessa linha de comércio, sua cidade seria muito beneficiado de se tornar o centro das relações comerciais entre Essos e Westeros e, além disso, caso entrem no acordo e me cedam um posto importante e parte de sua armada isso serviria para consolidar sua posição nos degraus que a tanto tempo é disputada e que, é claro, estaria mais ameaçada caso não entrem. Os detalhes do acordo estão na carta que mandei antes junto com minha prova de amizade.
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